então foi Natal…

então foi Natal…

natalOh, se foi Natal… A correria dos dias anteriores para que tudo esteja pronto. Noite num lado da família, almoço noutro! As miúdas numa excitação tal que ainda não recuperaram das noites mal dormidas, da ansiedade do Pai Natal, dos tantos presentes que andam a descobrir por estes dias…

O Natal é sem dúvida uma época do ano algo unificadora. Existe o consenso de que no Natal se para, se fica em família sem mais pressas, sem ter de ir ou de vir para acabar qualquer coisa. Existe a ideia de que o Natal é das crianças e todos alinham na magia à volta das prendas que faz os adultos derreterem-se com a imaginação deles, com o Pai Natal que está quase a chegar, com a felicidade de abrirem o embrulho com a prenda tão desejada. Depois acho que estragamos um bocadinho essa magia porque os enchemos de presentes e aquilo perde-se! Quando era miúda recebia um presente, às vezes dois, mas não fugia muito mais disso. Mas era o verdadeiro delírio!! Andava a gastar cartuchos daquela felicidade imenso tempo.

Confesso, que cedo à tentação de lhes comprar mais do que pediram. E que vibrei com a excitação delas ao ver os embrulhos no sapatinho na manhã de 25. Gostei muito do Natal, aliás como sempre. Das conversas, dos jogos, dos doces (oh céus, os doces!!!), do tempo em família.  Mas há sempre ali um momento ou outro que me apetece andar para frente no comando.

Quando era miúda a minha mãe dizia que o Natal a deixava triste. E eu não percebia! Como era possível ficar triste no Natal. Quando toda a gente está feliz!

A verdade, é que esta é mais uma daquelas situações “só vais perceber quando fores tu!”. Fico feliz, agora que tenho as meninas então nem se fala. Mas o Natal nunca está verdadeiramente completo. Falta uma luz que já não brilha! E que me faz falta. Que nunca teve a oportunidade de partilhar este Natal que agora temos.

A Matilde e a Leonor têm uma avó que adoram e que é a única referência que têm de avó. E ainda bem. Mas fico triste, porque nunca terão a referência de tradições do meu lado. Nunca poderão dizer que a avó Ilda fazia uma aletria ótima pelo Natal, que punha fitas brilhantes no pinheiro ou que não tinha jeito nenhum para os formigos!

A Matilde pergunta algumas vezes pela minha mãe. Começa a perceber os parentescos. E pergunta porque a deixei ir para o céu. Porque não está aqui. Porque não lhe ligo e falo com ela. E se tenho saudades… E porque fico com os olhos tristes!

A vida é o que é. Aprendi desde cedo a aceitar as realidades e as coisas que vão acontecendo. Há coisas que não se mudam e não vale de muito sofrermos o tempo todo com elas. Mas há assim um momento ou outro que o mundo podia ser o da Matilde, e era só ligar, só falar um bocadinho.

O post é grande, e talvez demasiado pessoal… mas é Natal!

Daniela